Blue Banisters: intimidade, vulnerabilidade e poesia em meio ao caos

Comemorando três anos de lançamento, o álbum Blue Banisters trouxe uma resposta de Lana Del Rey para a onda de retaliação que ela estava sofrendo da mídia que insistia em acusá-la de construir sua carreira em cima de apropriação cultural e glamourização de relacionamentos abusivos. 

Após tratar de assuntos como a ilusão da indústria musical e da fama no álbum Chemtrails Over the Country Club, em menos de um ano, Lana presenteou seus fãs com uma obra que, segundo a cantora, seria uma espécie de resposta a tudo que falavam exaustivamente sobre ela na época. 

Blue Banisters foi entregue ao público em 22 de outubro de 2021 e, de fato, trouxe com muita poesia respostas para as críticas. A faixa Black Bathing Suit deixa isso bem evidente em versos como “Deixe eles falarem de mim, são só notícias de ontem” e com analogias sobre se importarem com o corpo dela (Lana estava sofrendo ataques relacionados à sua aparência por ter ganhado peso na época) e não com o que realmente importava em relação à ela e sua arte. 

Além das respostas honestas sobre tudo que estava acontecendo com a cantora, ela também expõe questões e desejos íntimos nesse álbum, trazendo faixas gravadas em outros períodos da vida de Lana, e que foram retrabalhadas para entrar no álbum. 

Um exemplo de toda a vulnerabilidade que a artista revela nesse álbum é a faixa título. Em Blue Banisters, Lana reflete, de forma contemplativa, sobre o vazio de ter suas expectativas amorosas quebradas novamente por alguém que acreditava ser quem estaria com ela por toda a vida, preenchendo as lacunas que a acompanham desde tão jovem.

Mas esse estado de contemplação reflete certa conformidade em ver as coisas ruírem novamente, como se talvez compreendesse que esse seria seu destino, e que com o apoio de suas amigas e família, tudo ficaria bem, como canta nos versos “está tudo bem porque, agora quando chega maio, minhas irmãs vêm até mim para pintar meus corrimões de verde…”, como se as pessoas mais próximas fossem o suficiente para ajudá-la nesse ciclo de luto por uma história de amor finalizada. 

Lana também fala sobre questões familiares, deixando perceptível sua vontade de formar uma família e de encontrar alguém disposto a lidar com suas fragilidades, tema que abordado em diversas faixas do álbum, entre elas, a tocante e intensa Wildflower Wildfire.

Entre as canções inéditas e escritas para o álbum, temos também a presença de algumas já conhecidas pelos fãs, mas que não estavam presentes em nenhum de seus trabalhos anteriores, como Thunder, Living Legend e Cherry Blossom

Sem sombra de dúvidas, Blue Banisters é um dos discos mais sensíveis e pessoais de Lana Del Rey, onde ela nos confidencia suas angústias, sonhos e dilemas de forma poética e crua. 

Três anos depois, é bom saber que muitas das questões que a assombravam parecem estar se dissipando em uma onda de felicidade: Lana está sendo novamente reconhecida pela sua importante contribuição na indústria musical, de férias de uma turnê bem sucedida e recém casada, mostrando que se manter íntegra e fiel à sua verdade e à sua arte trouxe a felicidade que ela tanto buscava – e que em Blue Banisters parecia estar conformada em não encontrar. 

Ouça agora: https://open.spotify.com/embed/album/2wwCc6fcyhp1tfY3J6Javr?utm_source=generator

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