Blue Banisters: o álbum autobiográfico que ficou incompreendido.

“Estou escrevendo minha própria história. E ninguém pode dizer senão eu”– disse Lana Del Rey via Twitter ao postar uma prévia do videoclipe da faixa Blue Banisters. No dia 3 de julho de 2021, a artista postou a capa do álbum, onde ela posa com seus cachorros. Depois, ao dar mais detalhes sobre o álbum, Lana comentou que não tinha nenhuma intenção de explicar sua vida, mas que se os fãs estivessem interessados, o álbum contaria. A divulgação do disco foi muito menor em comparação aos seus outros projetos, uma parte disso se deu por Lana ter se afastado das redes sociais ainda no mesmo ano. Assim, em 22 de outubro de 2021, o álbum foi lançado, recebendo críticas mistas, porém em sua maioria positivas.
“O álbum oferece um raro vislumbre de uma artista garantindo seu legado, uma canção de cada vez.”
— Mike Wass, Revista Variety.

Neste álbum, Lana se apresenta crua, real, uma pessoa cheia de sentimentos, motivações e medos. Uma mulher que ama a família, se sente grata pelas suas amigas e reflete sobre sua vida, olhando para si, em meio a uma tentativa de responder àqueles que, novamente, tentaram contra seu legado. Apesar de tanta beleza, o disco passou levemente batido, parte por desejo de Lana, que disse em uma entrevista de 2023 ao Rolling Stone UK que seu álbum também nasceu após críticas de apropriação cultural e romantização de violência doméstica.
“Blue Banisters foi um disco explicativo, de defesa. Por isso, não o divulguei. Não queria que ouvissem. Queria que estivesse ali, caso alguém precisasse de mais informações”. (Trecho de Lana)

Mas se você procura conforto, este álbum soa como um afago. Lana extraiu do desapontamento, beleza, poesia e melodias harmoniosas. Na faixa título, Lana aborda a simbologia dos corrimões azuis que oferecem um apoio e estabilidade. O azul pode representar tranquilidade, mas também tristeza. A menção de mulheres ajudando a pintar esses corrimões de verde e cinza traz a evocação da mudança de fase, onde a tristeza dá lugar à esperança, e a segurança de estar cercada da solidariedade de amigos e familiares.

Em Black Bathing Suit Lana fala sobre suas mudanças corporais sofridas durante a pandemia, bem como a vida monótona no isolamento, e sua relação complicada com sua mãe, que também está em Wildflower Wildfire. Há destaque para Violet for Roses, onde ela fala sobre estar em relacionamentos que te forçam a mudar sua essência. Nada se compara à beleza das faixas Living Legend e Beautiful. Já em Sweet Carolina, Lana abre seu coração para sua irmã que estava prestes a ser mãe. O álbum também conta com as faixas Thunder e Cherry Blossom, que antes eram apenas Unreleaseds.
Blue Banisters é realmente como ler um diário, uma peça-chave para aqueles que querem se aprofundar na personalidade real de Lana, são 1 h 1 min. onde ela realmente conta sua história, palavras de sua própria boca refletidas em seu coração.