LANA DEL REY ESTÁ PRONTA PARA FALAR SOBRE SUA FAMÍLIA
A homenageada com o título de “Visionária” no Women in Music [2023] da Billboard fala sobre sua família, Jack Antonoff e sobre como fazer um álbum em sua sala de estar.
Há, de fato, um túnel sob a Av. Ocean. Embora alguns espectadores online suspeitassem que o túnel, que inspirou o nome do novo álbum de Lana Del Rey, ‘Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd’, lançado em 24 de março, pudesse estar localizado em Myrtle Beach, Carolina do Sul, Del Rey revelou recentemente que o túnel subterrâneo fica na verdade em Long Beach, Califórnia — não muito longe de Los Angeles, onde Del Rey mora há seis anos.
O uso da iconografia do sul da Califórnia pela cantora e compositora tem sido a pedra angular de suas composições por mais de uma década, desde as representações de Born To Die (2012) ao glamour da velha Hollywood até as alusões de Norman Fucking Rockwell (2019) a Venice Beach.
Mesmo estando presente em seu novo projeto também, Del Rey admite que não está tão focada em “construir mundos” como antes, e em vez disso está “vivendo do pescoço para cima”, concentrando sua arte em composições conduzidas por letras mais íntimas.
Tunnel Under Ocean Blvd, de Del Rey, discute detalhes e histórias não revelados sobre sua “família de origem”, especialmente em músicas como “Fingertips”, que ela diz “contar tudo sobre todos desde o primeiro dia”. Poucas semanas antes do lançamento, Del Rey – que é a homenageada da Billboard de 2023 com o título de “Visionária” – fala sobre a criação do álbum em sua sala de estar e por que ela está pronta para falar sobre sua família.
Como seu novo álbum começou a tomar forma?
Mike Hermosa, que produziu a maioria das músicas deste álbum, vinha à minha casa, e eu o ouvia na minha sala tocando piano. Ele nem é músico em tempo integral. Ele é um diretor, um cinegrafista. Eu o ouvia tocar, e pensava “posso gravar isso?” ou eu gravava algo escondida.
Uma hora perguntei se ele podia continuar tocando, e se eu poderia cantar. Então, todo domingo, quando ele não estava trabalhando, ele meio que ficava brincando, e eu cantava por cima. Foi assim que escrevemos a primeira música: “Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd.” Eu soube imediatamente que eu realmente, realmente gostava dela.
Gostei de como era casual escrever com o Mike. Ele não tinha interesse em se apressar. Ele não estava interessado em nada além de tocar. É divertido o álbum inteiro não parecer realmente um álbum, até o Jack [Antonoff] chegar e dizer: “Eu gostei muito. Posso colocar algo em cima disso?” Quando o Jack chega, você sabe que está fazendo um disco de verdade.
Você acha que essa abordagem mais casual à composição foi capaz de aflorar sua criatividade?
Esse processo foi quase como um canto automático. Eu sabia exatamente cada palavra para cantar para tudo o que ele tocava porque os acordes estavam perfeitamente arranjados. Acho que meu sentimento geral ao escrever este álbum foi apenas, “uau, tive sorte”.
Também percebi que, mesmo quando estou buscando outras coisas na minha vida, a música realmente me busca. É como um passarinho me seguindo. De alguma forma, quando eu nem queria estar fazendo música, me surgiram os melhores colaboradores que eu já conheci.
Eu os tinha na minha sala de estar. Percebi que a música é a única coisa que constantemente surge para mim, mesmo quando não estou procurando por ela.
Já que você estava cantando no automático, como você disse, você voltou e editou, ou deixou como estava?
Houve muita edição, porque era como um fluxo de consciência, mas, às vezes, uma música inteira vinha até mim, por completo. A música “Fingertips” eu criei de uma só vez, gravei em um memorando de voz e enviei para [o produtor e compositor] Drew Erickson. Ele voltou para mim no dia seguinte com uma orquestra completa. Mais uma vez, eu me senti com sorte: sorte pelas músicas, por esses produtores, por esse projeto.
Você tem Jack Antonoff retornando para este disco. Ele trabalhou em tantos álbuns importantes nos últimos cinco anos, incluindo dois seus. Como alguém que trabalhou com ele tantas vezes: qual é o segredo dele? Por que todo mundo quer trabalhar com ele?
Ele pode tocar qualquer coisa em qualquer instrumento. Ele pode encaixar os instrumentos e melodias certas em qualquer ideia que você tenha tido. Acho que ele toca tipo 16 instrumentos diferentes. Para nós, é definitivamente muito colaborativo. Acho que provavelmente de todos os projetos em que ele trabalhou, eu sou quem mais o direciona.
É engraçado porque eu ouvi recentemente todos os discos que ele fez quando estava no ensino médio, e eu ainda ouço muito do que ele fez no novo disco da Taylor [Swift] daquele ano. Ele é simplesmente prolífico. É absolutamente louco de se assistir. É por isso que é tão divertido, porque você realmente consegue criar qualquer som com ele.
Jack é um querido. Ele te entende.
Ele também é um artista convidado no álbum. Como isso aconteceu?
Eu tinha terminado o álbum, e ele apareceu por alguns dias. Nós sentamos lá, e eu disse, “vamos tocar piano”. Eu consigo fazer uma música com qualquer coisa que o Jack toca. Foi assim que Norman [fucking Rockwell!] começou também. Ele toca e eu só canto. Ele começou a tocar alguma coisa e então eu estava pensando na noiva dele [Margaret Qualley] que eu simplesmente não consigo viver sem! Eu a amo.
Comecei a cantar “ele conheceu Margaret em um telhado / ela estava vestindo branco / e ele estava tipo / ‘Eu posso estar em apuros.'”
Perguntei a ele o que ele achava que deveria ter no segundo verso, porque com ele e com a Margaret era uma situação de “quando você, sabe que sabe”. Ele teve a ideia de cantar sobre isso. Ele começo, e eu disse a ele que simplesmente deveria cantar no disco. Foi muito divertido.
Que temas, no geral, você tentou capturar neste disco?
Origens familiares é o tema geral. Acho que com Blue Banisters eu queria capturar essa ideia também, mas eu a deixei passar despercebida. Eu estava tentando abordar algumas críticas que ouvi depois de Chemtrails. Principalmente porque as pessoas não sabem muito sobre mim. E eu não expandi esse tema em Blue Banisters intencionalmente.
Já neste álbum, eu realmente consegui finalizar meus pensamentos e ser super específica, o que não me deixava totalmente confortável antes… Eu falo sobre meu avô, meu irmão, meu pai, meu tio Dave.
Na música “Fingertips”, eu canto “Charlie, pare de fumar / Caroline, você vai ficar comigo? / O bebê vai ficar bem? / Eu vou ter um meu?” Acho que consegui me abrir sobre isso porque Mike era muito casual para trabalhar. Tudo na minha sala de estar. Isso me permitiu.
“Fingertips” conta tudo sobre todos, desde o primeiro dia até agora.
Você se sente nervosa por compartilhar tanto sobre sua família neste disco?
Eu estava. Eu estava tão desconfortável. Então, pela graça de Deus, me senti completamente aliviada.
Seu pai, Rob Grant, está lançando um álbum pela Decca Records em 9 de junho, e você participará de duas músicas. Ele sempre foi musical?
Meu pai sempre tocou piano e ele cantou quando era mais novo com meu tio, que é um organista viajante para Emmylou Harris e Buddy Guy. Eles escreveram discos country naquela época. Não sei como e quando isso aconteceu com ele. Mas acho que ele simplesmente decidiu que queria gravar. E [meu empresário] tocou para a Decca Records, eles adoraram.
Eu não sou muito falante quando se trata de mim, mas você aprenderá muito sobre mim ao ouvi-lo. Isso dá muito contexto para a família.
ROBINSON, Kristin. Why Lana Del Rey Is Opening Up About Her Family on ‘Tunnel Under Ocean Blvd’. Billboard, 2023, tradução por André Rocha. Disponível em: <www.billboard.com/music/music-news/lana-del-rey-family-tunnel-under-ocean-blvd-album-1235258689/>. Acesso em: 15 de Setembro de 2024.