Uma Década de Lana Del Rey

Alguns artistas se lançam ao mundo de forma cautelosa; outros causam grande impacto. “Video Games” de Lana Del Rey, que pode ter sido uma das primeiras músicas “virais”, foi mais do que apenas uma canção — foi uma declaração de intenção e um modelo para tudo o que ela fez desde então.
Com letras apaixonadas e ameaçadoras envoltas em uma produção sombria, a balada barroca anunciou a chegada de uma compositora que empunhava a vulnerabilidade como uma arma. Ao longo de sete álbuns de estúdio, a prolífica Del Rey refinou seu som em muitas formas diferentes — todas, inconfundivelmente, dela.

Tudo começou em Junho de 2011, quando “Video Games” chegou à internet. “Lembro-me de estar em Long Island com minha família e ver o Weeknd postar ‘Video Games’ no Tumblr”, diz Del Rey.
A música não foi sua estreia — ela havia lançado um álbum no ano anterior e um EP sob seu nome real, Lizzy Grant, em 2008 — mas certamente foi uma introdução duradoura e de longo alcance ao mundo. “Não posso dizer até que ponto influenciei alguma coisa. Mas posso dizer que todo o meu traje criativo — as notas da minha vida real — ampliou o som da música popular para que as pessoas se afastassem de um som puramente pop para algo mais cotidiano.”
De lá, ela estava pronta. Em 2012, ela revelou o arrebatador “Born to Die”; álbum impulsionado por uma edição Deluxe (que incluía “Ride”, produzido por Rick Rubin), ele passou 400 semanas na Billboard 200.
Ela continuou a se ramificar estilísticamente e a buscar novos colaboradores. Para o sucessor, “Ultraviolence” de 2014, Del Rey explorou um som corajoso e guiado pela guitarra com o produtor Dan Auerbach do Black Keys. “Aprendi como era bom cantar, escrever e produzir de uma forma que parecesse muito natural e focada nos detalhes”, ela relembra.
Ela foi além dos limites novamente no atmosférico “Honeymoon” de 2015, um ponto fora da curva na época que desde então foi adotado como favorito dos fãs. “Eu senti que poderia estar indo em uma direção mais voltada para o jazz, mas a música, é claro, mais tarde mudou de direção novamente”, ela diz.


De fato: em “Lust for Life”, de 2017, ela aumentou sua rede de colaboradores. “Foi bom trabalhar com outras pessoas”, ela explica. “Eu estava fazendo as coisas de uma forma muito limitada até aquele ponto.”
Mudando de direção novamente, Del Rey então fez parceria com Jack Antonoff (conhecido por seu trabalho com Taylor Swift, Lorde e St. Vincent) no álbum “Norman Fucking Rockwell!”.
A obra multifacetada, com um leve toque dos anos 70, rendeu a ela uma indicação ao Grammy de álbum do ano. Del Rey diz: “Isso significou muito porque eu sabia que provavelmente era meu melhor álbum. Geralmente estou quase certa na minha avaliação do que as pessoas provavelmente odiarão ou amarão. Sou um tanto psíquica nesse sentido.”
Antonoff também produziu seu primeiro álbum de 2021, “Chemtrails Over the Country Club”, mas Del Rey assumiu em grande parte o comando do majestoso sucessor, “Blue Banisters”.

No entanto, ao olhar para trás em seu corpo de trabalho, Del Rey sente a pressão dos holofotes. “Houve momentos enquanto eu estava fazendo ‘Honeymoon’, momentos enquanto mixava ‘Ultraviolence’, ou então escrevendo ‘Norman Rockwell!’ e produzindo meu próprio álbum, ‘Blue Banisters’, que me marcaram”, ela reflete. “Mas para ser honesta — e esta é a lição — minha maior conquista é continuar a defender minha verdade pessoal em uma época em que a verdade é frequentemente questionada e raramente valorizada.”
WASS, Mike. A Decade of Lana Del Rey: The Artist Talks Diarist Pop and Upholding Her Truth. Variety, 2021, tradução por André Rocha. Disponível em: <https://variety.com/2021/music/entertainers/lana-del-rey-ultraviolence-born-to-die-blue-banisters-1235123179>. Acesso em: 20 de Fevereiro de 2025.